6 de novembro de 2010

Tchau, Eliza...



 
Tchau, Eliza...

Andei pensando e cheguei à conclusão de que eu precisava pelo menos me despedir de Eliza...Mesmo com a garganta rasgada de tanta dor escondida.
Então eu a ajudei a carregar suas malas até o ponto de ônibus.
- É aqui – ela suspirou colocando uma das bolsas no chão. Olhou para mim. Eu desarrumado por causa do vento. Cara de besta e cheio de bagagens – não estão pesadas? – ela perguntou.
- Não – eu respondi. E realmente não estavam.
- Então por que está com essa cara de cansaço? – Eliza sorriu e ajeitou o meu cabelo.

Deve ser porque eu não consigo mais dormir, para falar a verdade, desde o dia em que eu te conheci, não consigo mais dormir...”

- Acho que estou doente – falei, sentando-me no banco de cimento – sim, deve ser o resfriado.
- Ah! Então não deveria estar aqui, está ventando muito! – ela se sentou do meu lado, ajeitando sua saia verde.
- Eu precisava me despedir... – eu falei e o vento bagunçou a franja dela, arrancando-lhe uma risada de surpresa em seus lábios.
Eu ache engraçado e também ri. Ela tentava tirar alguns fios do rosto, mas o vento voltava.
- Deixa que eu a ajudo – falei e segurei seus cabelos numa mão só, juntando-os. De súbito, meus dedos roçaram em seu pescoço sem querer, e eu não sei como não saí correndo para me esconder – então, você vai voltar para me visitar, certo? – eu perguntei, voltando para a posição em que estava, visto que ela já pegara um lacinho para o cabelo.
- Não sei... Eu vou tentar – Eliza pegou em minha mão.
- Tudo bem... – eu abaixei a vista.
- Olha! O ônibus!
Eu olhei para trás e desejei muito que aquilo sumisse.
Ela se levantou. E quando eu fui perceber, o motorista já a ajudava a colocar a última bagagem dento do ônibus.
Levantei-me.
- Então é isso – ela murmurou e eu acenei com a cabeça. Virou as costas para mim, mas antes que ela pudesse subir para o ônibus eu segurei o seu pulso, puxando-a de volta.
Ela me olhou confusa e eu senti um forte aperto no coração.
- Eu... – hesitei, colocando a mão no bolso e pegando um bilhetinho – escrevi isso para você ler dentro do ônibus...
- Está bem – ela comprimiu os lábios e se despediu com os olhos.
E lá se foi a menina que eu amava desde a sexta-série.

Eliza, eu sei que talvez seja tarde, e que se não fosse por esse bilhetinho eu nunca lhe diria o que eu devia ter dito há muitos anos.
Eu sei que a sua viagem também é por minha causa, visto que eu não lhe falei no tempo certo que a amava... Mas eu a amo! Amo tanto que passo mal apenas em imaginar a quantidade sem fim desse sentimento!
Eu te amo, te amo. Por isso também eu não a impedi de sair da cidade. Não posso prendê-la... Só posso esperar que você volte e nunca mais se vá...

FIM




Eu escrevi para o Projeto In Verbis!

16ª Edição
  
E ganhei esse selo:
 
Postagem do dia

   

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