30 de janeiro de 2012

Essas coisas de blog!


Cinco dias, uma semana... E assim meus posts ficam velhos e meu blog desatualizado.
Não é minha culpa (ok, é sim, mas não é de propósito), o caso é que eu perdi o foco e passo minutos preciosos da minha vida olhando a tela em branco, pra no final do dia fechar a página e pensar: "ah, amanhã eu posto alguma coisa". Mas esse amanhã parece que demora muito mais do que o esperado.

Fiquei pensando no motivo de eu ter criado esse blog (quer dizer, porque raios nós criamos blogs?!), e na dor de cabeça que foi para arquitetar cada detalhe. Ele foi o único que levei adiante, creio que antes existiram dois que não gostei e excluí em menos de 1 mês de existência.
O tal do motivo era divulgar meus textos num lugar onde meus amigos pudessem lê-los, o que sempre fizeram me dando muito apoio (e elogios exagerados). Mas agora eu não sei o que fazer aqui, os blogs "literários" (acho que podem ser chamados assim) estão abandonados ou não são divulgados, de modo que textos brilhantes ficam ao vácuo, e blogs de modas e futilidades sempre crescendo mais e mais com suas matérias repetidas.

Mês passado eu vi um projeto chamado "Volta mundo blogueiro", porém o mesmo parece que está abandonado há tempos, o que é lamentável.

Já o meu blog virou uma mistura de textos, desabafos e matérias que não tem nada a ver. E embora haja 300 seguidores (que me deixam feliz), comentários e um número considerável de visitantes, ainda fico pensativa se devo continuar, se realmente é um blog que mereça continuar no ar. Já tem tanto lixo virtual por aí que mais um não faria falta.

Meus posts não melhoram o dia de ninguém, nem são lições de vida (não é drama, é realidade).
O caso é que ainda não vou excluir esse lixo aqui, então vocês são obrigados a aguentar essa bagaça, rs.

25 de janeiro de 2012

Minha primeira censura!



Meus amigos, faz uma semana que eu recebi a minha primeira censura literária.
A maioria das pessoas pode achar isso ruim, e esse é um dos mais fortes motivos para que um escritor amador se torne frustrado. Todos nós precisamos de motivações, e críticas ruins e não construtivas acabam com o nosso dia.
O que ocorreu, porém, deixou-me confiante e com sabor de "desafio" na boca. Faz parte da vida diária de quem tem como objetivo a literatura (as outras artes também, não é?), as críticas vão aumentando, feito ondas do Havaí. Alguns afundam, outros aprendem a surfar na marra. O objetivo é chegar vivo até a praia e não ser comido pelos tubarões.


A censura, como eu mencionei, ocorreu numa comunidade, onde eu recentemente passei a postar alguns textos de minha autoria usando o pseudônimo "Bandini". O texto vítima foi "Bang, bang, I'm dead", postado dia 17 aqui no blog.
Tomarei a liberdade de copiar e colar o que me foi dito no tópico:

22 de janeiro de 2012

A ida ao dentista.

*Texto que eu mandei para uma antologia.
De 130 textos, o meu foi selecionado entre os 33 para a segunda fase. Infelizmente não ficou entre os 17 escolhidos.


Eu me arrependi de ter bebido uma dose de saliva de unicórnio, porque agora o meu dente doía muito mais, e possivelmente o meu hálito mataria o dentista.
Eu estava parado na porta da clínica quando do outro lado da parede surgiu um barulho de serra elétrica, e um pouco mais baixo se ouvia um grunhido de dor. Isso só podia significar que havia um paciente lá dentro.
A sala de espera só tinha a cor branca e esse aspecto dava certa tensão. Bancos, mesas, portas, os pisos, as paredes, as roupas dos funcionários, o telefone, as molduras dos quadros, o bebedouro. Tudo era branco e perfeitamente limpo. Eu me sentia mal, meus dedos estavam gelados, mas eu não podia ficar com medo, um ciclope não se assusta com nada e eu já tinha arrancado vários dentes com a mão.
Se alguém do vilarejo me visse agindo como um medroso... Bem, o caso é que eu deveria manter a calma.
Sentei no sofá e tamborilei os dedos no joelho olhando em volta, acabei percebendo que havia um duende ao meu lado.
O nanico aparentava beirar na casa dos quarenta anos, suas narinas deixavam escapar cabelos grossos e grisalhos, e sua expressão era de impaciência. Ele não aguentou ficar sentado muito tempo e saiu andando rápido da clínica.
Também tinha um quadro feio, uma espécie de jardim pintado com cores vibrantes e elfos dançantes em volta de uma árvore grande. Quadro ridículo.
À minha frente uma fada com o rosto verruguento parecia dormir sentada no banco, a não ser pela sua perna direita que não parava de se balançar. Também era bem feia.
Depois de duas horas o paciente saiu da sala com a boca inchada e gemendo de dor. Era um pequeno minotauro de chifres novos.
Um par de minutos depois a recepcionista chamou pelo duende, porém ele já havia ido embora. Demorou mais um pouco até que ela olhasse de novo quem estava na lista.
O próximo era eu.
Respirei fundo e me levantei tentando não esbarrar em nada, e entrei na sala do dentista.
O doutor estava de costas. Era um elfo de estatura baixa. Seu cabelo loiro esbranquiçado era preso por um pedaço de raiz e seu jaleco quase encostava-se ao chão.
A criatura virou-se devagar pra mim.
- Linus! – eu falei surpreso - que diabos você está fazendo aqui?!
Ele era o elfo lerdo que eu dava uma surra nos intervalos do colégio quando era pequeno!
- Ora, ora, Gradus – ele olhou a ficha – parece que veio arrancar alguns dentes – um sorriso largo e assustador apareceu em seu rosto.

18 de janeiro de 2012

Bang, bang, I'm dead.


Era carnaval, e eu nunca gostei dessa festa. Faz calor, as músicas são ruins e a rua vira um inferno.
Eu estava na casa dos meus amigos e as únicas coisas que a geladeira possuía eram garrafas de vinho, latas de cerveja e macarrão. Passamos cinco dias assim.

No terceiro dia vi meus amigos entrarem juntos ao banheiro, eles sorriam e carregavam saquinhos nas mãos. Eu os segui e apenas ouvi o trinco da porta sendo virada à chave atrás de mim.
O banheiro era enorme e bonito, muito bonito. Os azulejos da parede eram bem pretos e havia uma prateleira apenas para os perfumes.
Meus amigos estavam reunidos em frente à bancada da pia, que era grande e cinza antes de derramarem um pó branco naquele mármore. Fizeram linhas grossas da parede até a beirada, o branco quase caia ao chão.
Eu olhei assustado, mas não deixei que me vissem tremer as calças.
As linhas pareciam lacraias gordas e albinas, pareciam nunca acabar.
Um deles me virou e disse: "você não vai cheirar isso". E eu respondi: "se eu quisesse usar, não seria você que me impediria. Aliás, eu não quero essa porcaria".

Eu me conservava ao lado, apoiando as costas na parede. Era extremamente bonito aos treze anos, meu cabelo era bem preto e liso, usava um penteado repicado e meus olhos tinham um ar de desinteressado. Minha calça estava rasgada e minhas sobrancelhas sempre se mantinham arqueadas de lado, como se algo sempre me incomodasse.
As garotas sorriram para mim pelo jeito como eu respondi, antes de aproximarem o nariz ao pó que estava na bancada.
É igual aos filmes, eles imitam as cenas, e as cenas são fiéis a eles. O papel enrolado era a ponte até às narinas que fungavam e ficavam rosadas.
Eu olhava com nojo, com ar de superioridade. "Eles são tão otários", mas eu era o otário. Por que eu estava naquele lugar?!
Depois de alguns minutos todos saíram do banheiro, inclusive eu.

Andei até a cozinha e cuspi no chão, "que diabos, não sei nem voltar pra casa. Por que raios eu concordei em vir? Eu não sei nem o endereço", pensei, colocando as mãos nos bolsos da calça e chutando uma cadeira.

Eu passei a tarde inteira bebendo vinho com uma garota na varanda, olhando para a paisagem e pensando no que fazer nos próximos dois dias naquela casa. Gabriella era bonita, seu cabelo também era preto, e sua boca era grande e comprida horizontalmente, sorriso bonito, sorria com os lábios e com os olhos, mas eu tentava não olhar para o seu rosto e ver que estava chapada.

À noite, porém, eu estava sozinho no quarto de hóspedes, enquanto meus amigos bebiam cerveja barata na sala.
O sono não chegava. Eu fiquei deitado com o peito contra o colchão e com a cabeça apoiada nos braços.

Até que um cara entrou no meu quarto e sentou-se ao pé da cama, ele é quem havia comprado a droga. Era barrigudo e tinha cabelo crespo, seus olhos eram amarelados e não brancos, sua pele era bem negra e não usava camisa.
Ele falou que minha garota não havia voltado àquela noite, disse que ela saiu bêbada pela porta e não voltou.
Eu não ligava, ela não era minha garota, não mais, não queria mais aquela guria.

Ele se aproximou de mim e tocou em meu cabelo, de modo que eu pulei da cama e fui para o outro lado e disse bem alto que não tocasse em mim.
Ele sorriu e perguntou: "por que você tá aqui?". Eu não entendi e não respondi. Então ele disse: "esse lugar não é pra você". Eu perguntei: "o que?", ele disse: "você não é como eles".
Eu fiquei parado e mandei que ele saísse do quarto, e ele se foi, dizendo que eu não deveria estar ali, e fechou a porta.
Eu fiquei sentado na cama e no escuro. Ele tinha razão, aquele não era o meu lugar.

20 coisas inúteis que eu quero! #18



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9 de janeiro de 2012

Byron e eu.

*Foto tirada da minha parede: "Mas por quê eu pelos outros devo sofrer, quando ninguém por mim irá suspirar?" (Lorde Byron).

Eu repetia essa frase todos os dias ao acordar, durante cinco anos.
Parecia ser o meu único escudo naquela idade: parar de me importar com quem estava nem aí pra mim.
Deu certo por um tempo, quer dizer, deu mais certo do que errado. Acabei aprendendo a controlar meus sentimentos e a oprimi-los, transformando-os em outras coisas, tais como a escrita.
Tudo estava indo bem. Eu sozinha conhecendo o meu próprio pensamento, sem ninguém por perto para atrapalhar.
Aprendi também a me concentrar mais, passei a ler em meio ao barulho, e os sons sumiam, ficavam bem baixinhos conforme eu mergulhava nos livros.
Também me isolei mais, eu sabia que repetir aquela frase durante cinco anos me faria optar por escolher a minha companhia, do que a companhia dos outros.
Poupei muito sofrimento, mas acabei ficando orgulhosa a ponto de achar que não precisava da ajuda de ninguém em nada.
Naquele tempo eu precisava de algo para me segurar, e não havia outra coisa senão aquela frase.
Minha parede será pintada em breve e todos os meus desenhos, inclusive essa frase, deixarão de existir aqui em casa.

Adeus Byron.

2 de janeiro de 2012

Prioridades




H. A. entra a passos largos ao quarto de S. S., e joga-se na cadeira, com os braços finos cruzados.

S. S.: Certo, então... Bem, o que há com você?
H. A.: Aquela mesma história de sempre, (suspira), acho que dessa vez eu vou desistir.
S.S: Ouviu o que acaba de dizer?
H. A.: Sim, oras.
S. S.: Está sempre desistindo das coisas, e agora quer desistir de uma viagem?
H. A.: Pois eu ficarei ausente durante meses!
S. S.: Quantos meses?
H. A.: E provavelmente mamãe comprará uma casa e não voltarei mais.
S. S.: Então não vá.
H. A.: Se bem que aqui nesse fim de mundo eu nunca serei uma atriz.
S. S.: Fica, hein.
H. A.: Você está certo, estou sempre desistindo.
S. S.: É normal desistir.
H. A.: Lá tem telefone, poderei falar com a Rita todos os dias.
S. S.: A viagem vai durar muitos meses?
H. A.: Muitos, talvez eu fique por aquelas bandas de vez.
S. S.: Mas e os passeios que eu lhe prometi levar?
H. A.: Não tem problema em descumpri-los.
S. S.: Vai mesmo embora?
H. A.: Além do mais, está na hora de eu parar de desistir das coisas.
S. S.: E a saudade que vou sentir de você, menina? Como é que eu fico?
H. A.: Preciso mudar minhas manias.
S. S.: Eu gosto do jeito que você é.
H. A.: Que horas são?
S. S.: Meio-dia e quatorze.
H. A.: Preciso ir! Mamãe aprontou o carro para a viagem.
S. S.: Já?
H. A.: Tchau, meu amigo, tentarei visitá-lo quando puder.

H. A. levanta-se e vai embora deixando seu cheiro de amora pelo quarto.

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