30 de março de 2014

Eu não mereço ser estuprada.


Não é o meu comportamento que é vulgar, a sua atitude que é criminosa.

Como vocês devem ter acompanhado as pesquisas, uma delas apontou que 65% dos entrevistados concordaram que a mulher que usa roupa que mostra o corpo merece ser atacada. Foram entrevistados homens e mulheres, que isso fique bem claro.

Vou tentar explicar em palavras fáceis e sem termos que possam correr o risco de serem mal interpretados.

Olha, aquela apresentadora da televisão semideusa não merece ser estuprada. Aquela moça que passa todos os dias na frente da sua casa, rebolando e com uma saia bem curta também não merece ser estuprada. Sabe a menina que você tem certeza que usa legging para provocar? Ela também não merece. Um detalhe, ela provavelmente usa a roupa porque quer, não porque os homens influenciam tanto assim a escolha da roupa das mulheres. Há homens com o ego tão grande, que tem certeza que nos vestimos, falamos e nos comportamos focando em como eles vão se sentir, gostar ou não das nossas atitudes.

E digo mais, sendo você mulher ou homem, de qualquer religião, de qualquer lugar do mundo ou classe social: suas irmãs, suas mães, suas filhas e suas amigas (até as suas inimigas) não merecem um estupro. E eu vou dizer o motivo: porque quando você é estuprada, além de lidar com a dor física e emocional, você tem que lidar com a sociedade. Tem que lidar com a polícia que duvida de você, com sua família querendo abafar o caso, com as pessoas que questionam a sua vestimenta e com a vergonha que te acompanha. ALÉM, é claro, da lembrança de um homem impondo a força do seu corpo e te agredindo da pior forma possível.

Não é surpresa o resultado dessa pesquisa, digo isso com um gosto amargo na boca e digito com um leve tremor. Não surpreende porque estupros acontecem todos os dias. Com meninos e meninas. Com mulheres e homens. Mas sempre com os mais vulneráveis. E é nessa vulnerabilidade que as pessoas se apegam, lembrando sempre que se ela existe e que poderia ter sido evitada. Mas sabe aquele pênis que foi enfiado à força em alguém? Não foi a roupa, não foi a situação e muito menos a menina pedindo: foi o cara que o botou pra fora e se forçou dentro de um ser humano. Um ser humano com nome, endereço, desejos, uma história que fica marcada para sempre com esse episódio e com o livre arbítrio de usar a roupa que quiser.

Estupro não é sexo, gente.

Do outro lado do mundo as mulheres de burca são estupradas, sabia? A desculpa pelos lados de lá é que elas usam rímel, o que provoca a explosão hormonal masculina. E sabe a diferença do rímel saudita pras saias e shorts curtos da brasileira? Nenhuma, além da responsabilidade ser sempre de quem? Da mulher, é claro.
Se ainda não ficou claro, deixo aqui uma terrível verdade: crianças são estupradas e molestadas diariamente. E não é porque exibem perninhas irresistíveis ou estão desacompanhadas. É porque o protagonista de uma agressão sexual é sempre o agressor.

Não é por instinto que acontecem os estupros. Crimes sexuais são cometidos porque alguém perdeu o bom senso e não sabe viver em sociedade - e esse alguém não é a vítima, só para deixar claro.

Não concorda? Pois saiba que a vítima podia ser alguém que você ama. A vítima pode ser você. A vítima pode estar de mini-saia. A vítima pode estar de burca. Só não deixe para tomar uma atitude quando acontecer muito próximo ao seu círculo social. Vamos acabar com essa bobagem e vamos enxergar as coisas como elas são: quem estupra é o culpado. E acontece tanto, que você com certeza conhece muitas pessoas que sofreram esse tipo de violência e convivem com isso em silêncio, graças à cultura do estupro que existe.

Eu tenho muito mais direito em usar uma saia curta do que um homem me estuprar e usar esse meu direito como desculpa. Você também.

(escrito por Ju Umbelino)

26 de março de 2014

Algumas fotos um pouco antigas!


Mudei o theme (finalmente!) depois de dois anos usando o antigo! Agora eu sinto até um alívio, posso continuar o ano sem um pesinho nas costas ^^.
Após fazer essa mudança, eu andei vasculhando pelo meu flickr e encontrei algumas fotos um pouco velhas, mas que são as minhas preferidas ♥ e resolvi compartilhar por aqui:






19 de março de 2014

A Ventríloca


Pode parecer loucura, mas muitas das vezes as imagens que aparecem em minha cabeça não tem muito sentido no início, eu aprendi que meu subconsciente quer se expressar, e que ainda não me conectei inteiramente com o meu eu interior (ok, quanta loucura! rs). Deixa isso para lá, o caso é que eu costumo pegar no pincel e  em muitos momentos não penso no que estou pintando, deixo a mão guiar.
Foi o que aconteceu com essa pintura, na qual nomeei de "A Ventríloca", pois nunca em meu núcleo de convívio a questão sobre o peso foi tão falada como agora, em casa minha mãe e minha irmã reclamam dos quilos extras, algumas amigas têm como meta emagrecer para se sentirem bonitas, muitas blogueiras que vi por aí também fazendo o 101 coisas em 1001 dias colocam que precisam emagrecer (inclusive algumas queriam pesar 45 quilos! muito abaixo de seus pesos saudáveis), e até eu mesma que não gosto de seguir o padrão de beleza, acabei sendo influenciada e me flagrei descontente olhando para o espelho desejando não ter ganhado uns quilinhos a mais, também já não me sinto muito à vontade usando uma camisa mais fresca que mostra o umbigo, e já fiquei meio envergonhada usando biquíni.
Esse descontentamento todo não surgiu assim do nada, somos sempre bombardeadas de propagandas mostrando como é bom ser magra e estar com o "corpo ideal" para a praia.
Também tenho amigas magérrimas que tentam emagrecer mais ainda, e o número de meninas que não se sentem bem em seu próprio corpo é alarmante.
É anti-ético nos fazerem de "ventrílocas" e fazer com que reproduzamos a ideia de que desejamos estar nos padrões milionários da moda.
Não precisamos continuar sentindo desgosto com nosso corpo apenas porque as empresas querem ditar quanto devemos pesar!

13 de março de 2014

101 coisas em 1001 dias!



Eu sou o tipo de pessoa que precisa anotar as coisas para poder lembrar e cumprir, não adianta eu falar que vou fazer, pois me esqueço facilmente e necessito sempre de um bloquinho ou do celular à mão para poder anotar os afazeres. Então resolvi participar do projeto "101 coisas em 1001 dias" e botar meus planos em ação! Deem uma olhadinha ^^

Início do projeto: 10 de março de 2014
Término do projeto: 05 de dezembro de 2016

6 de março de 2014

Os mortos não precisam de internet.


Rosana subiu até o alto do morrinho e olhou todas aquelas luzes lá de baixo. O cemitério era o único lugar que conseguia acalmá-la. Os postes de iluminação não contornavam todo o local, na verdade só iluminavam o portão principal e o escritoriozinho do cemitério, talvez não quisessem que ninguém fosse visitar os falecidos à noite, talvez as pessoas não gostassem de andar no escuro e no silêncio, diferente de Rosana, que ouvia seus próprios batimentos cardíacos quando o vento parava de cantar. Ela fechava os olhos e depois os abria, de novo aquelas luzes da cidade apareciam como pontinhos brilhantes - vaga-lumes vermelhos, amarelos, azuis. Lá em cima nem o cheiro das pessoas vivas conseguia alcançá-la, o vento não trazia nenhum odor, o vento era só uma rajada de vozes cantando e desembaraçando o cabelo da garota. Os mortos também não exalavam cheiro algum, o único perfume lá do morro vinha da grama e das flores. O cemitério é um grande jardim humano, pensou Rosana, ela sentia vontade de arrumar cada espaçozinho daquele lugar meio abandonado, reconstruir todas as lápides quebradas, plantar mais árvores, alimentar os gatinhos que ali moravam, entretanto o que ela poderia fazer para os mortos? eram pessoas que já não respiravam e não contemplariam o lugar aonde passaram a morar, tampouco suas famílias os visitavam.
Rosana não acreditava que algum dia eles se levantariam, é... tudo aquilo estava à merce do tempo, algum dia os ossos já não existirão, nem a imponente mata do cemitério vive para sempre. A garota foi andando ladeira abaixo e avistou uma enorme árvore sem folhas, Rosana correu até ela e com um estilete, que guardava no bolso da jaqueta, fez um coração no tronco. Imaginou que na primavera muitos pássaros construiriam ninhos em seus galhos verdes, ela mesma queria ser enterrada ali quando morresse (tomara que a árvore dure bastante tempo, pensou). Gostou da ideia de dormir para sempre nos braços da árvore.
© Bruna Morgan | Todos os direitos reservados.
Desenvolvimento por: Colorindo Design | Tecnologia do Blogger.