29 de junho de 2016

Eu poderia ter amado você.


Eu poderia ter amado você.
Não deixaria
seu coração sofrer.
Lembro de quando vimos o mar juntas
e eu desejei que aquela tarde durasse
por tanto tempo,
talvez para sempre.

Você poderia ter amado a mim,
mas deixaria
meu coração sofrer.
Você não esqueceria os dias
que passou com outra.

Eu teria sofrido por você,
mas as ondas levaram as
minhas palavras,
e você nunca soube
que eu poderia ter amado
seu coração machucado.



p.s.: eu, autora dos textos e dos poemas desse blog, identifico-me como bissexual desde a pré-adolescência. Todos esses escritos homoafetivos são destinados à moças que já amei, ou moças fictícias (nunca tive e nem terei a coragem de falar: "ei, aquele poema foi escrito pra você quando eu te amava hahaha").
Atualmente, eu amo um rapaz há 3 anos. Eu sou monogâmica, porém não deixei de ser bissexual. Obrigada.

27 de junho de 2016

Território Sagrado.


Eu amo até
os joelhos dela
os cotovelos
ombros
a covinha do rosto
que aparece quando
ela sorri de tão feliz
amo até seus dedos compridos
seu nariz largo
e as coxas,
beijo cada
centímetro de sua pele
memorizando com meus lábios
o mapa corporal.
território sagrado.

6 de junho de 2016

Sempre gostei do mar.


Eu tenho essa mancha pegajosa e escura dentro do meu peito. Parece que meu coração é um rio de piche, que engole e mata qualquer sentimento bom.
Faz tantos anos que eu me sinto assim, lembro-me de aos 11 anos andar sozinha pelas ruas à noite, sentindo o vento gelado machucar meus braços frágeis de criança. Eu andava pela orla da praia, sempre amei o mar. Eu o escutava me chamando, mas algo sempre me segurou para eu não pular nas pedras.
Fico imaginando: e se eu tivesse pulado no mar naquele tempo? às vezes me arrependo de não ter saltado. Geralmente penso nisso quando a madrugada chega, é o horário que mais me sinto sozinha. Fico relembrando o motivo de não ter ido embora de casa, de não ter me afogado. Então lembro da carta que a minha mãe me escreveu, ela pedia para eu não ir, me pedia para eu não me matar. Eu encontrei a carta na minha cama e colei na parte de dentro do meu armário, assim me lembraria todos os dias ao me vestir, que ficaria viva por causa dela. Como uma criança de 11 anos pode ser capaz de querer se afogar?

Hoje eu tenho 21 anos, alguns momentos foram melhores do que outros na minha vida. Tive épocas felizes e pessoas que amei, mas no fundo algo em meu coração grita. Eu deveria trocar de coração.
Eu não falo muito sobre o que sinto para as outras pessoas, e ando me escondendo mais ainda, queria me esconder dentro de mim mesma.
Mês passado eu quis andar até o mar e me jogar nele. Procurei a carta da minha mãe entre os meus pertences, mas não a encontrei, eu deveria carrega-lá para todos os cantos comigo.
Agora eu tenho mais uma pessoa para não abandonar. É egoísmo ou tolice continuar vivendo pra não machucar quem amo?
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